Fazendo a leitura de cada página do livro “Big Jato”, autoria de Xico Sá, enxerguei todo um ambiente bruto, bruto na questão de todo um ambiente que ainda não se desenvolveu e personagens que se apresentam de forma matuta.
A curiosidade do filho para com o seu pai, que limpava todo os dejetos da vizinhança e jogava longe, e a cada dia jogava mais ainda longe, toda a merda produzida pela comunidade e toda a sujeira que ela fazia. Muitos faziam como se não fosse eles que defecaram, como se toda aquela bosta que o Big Jato carregava para jogar longe não saísse da barriga deles.
O pai que amava os Beatles, quando embriagado falava até inglês, a mãe que fazia com que o “velho” assinasse uma revista para que assim ela possa fazer a leitura, um tio doidão, que poderia colocar os filhos a perder, e um “Deus lhe dê juízo para que você não seja igual ao seu pai/tio”. Alguns dos filhos sentia vergonha do pai, o bullying na escola, devido ao pai trabalhar carregando toda aquela merda da comunidade. E um dos filhos que se orgulhava de seu pai.
Tudo foi se tornando uma espécie de dever, rotina que ambos foram se adaptando ao ponto de não se incomodarem mais com todo o dejeto que carregavam. Algo que muito me chamou a atenção, quando a pessoa se embriaga ela fala a “verdade”, e também derrama lágrimas.

O livro “Big Jato”, levou-me a uma viajem que eu fiz quando tinha mais ou menos 8 ou 9 anos de idade, viajei com a minha avó para Serrolândia/BA e quando cheguei lá o banheiro era no lado de fora, o vaso sanitário era um buraco no chão onde todos defecava, com o tempo tudo foi mudando, quando voltei lá, o banheiro não era mais um buraco no chão, mas já era um vaso sanitário, mesmo assim continuava no lado de fora, o tempo foi passando e hoje em dia o banheiro é dentro de casa. Mesmo a gente estando no ano de 2022, ainda há algumas casas, que o banheiro continua sendo o mesmo, apenas um buraco no chão e muitas das vezes alguns blocos nas laterais fixo ao concreto.
E toda a descoberta do filho, que aos poucos se tornava homem, seus desejos, sonhos e fantasias, o primeiro gole de cachaça e a primeira vez que perdeu o “cabaço”, quando dirigiu o Big Jato e o seu pai ganhava tempo para poder beber mais. Ah, e o rádio funcionava bem quando subia a ladeira e era algo que o filho muito gostava era quando subia a ladeira, era momento de delírio, interrogações… E a pergunta, se fulano caga(?), se ciclano caga (?)… Isso mostrava o lado humano de todos, dos famosos, das moças bonitas e até mesmo do Papa.
E esse era o trabalho, chegando em casa ele sentia a sensação de dever cumprido e para ele isso já era tudo, muitas das vezes presenteava seus filhos, presenteava até quem tinha vergonha dele. (Mas, essa parte eu deveria ter escrito mais acima)
Então convido aos amigos e amigas para que leiam o livro e tirem as suas próprias conclusões.