“Leve o traficante para a sua casa”, esse é um dos comentários de uma das pessoas que responderam ao meu comentário numa postagem referente ao policial que algemou um rapaz na parte traseira da moto e o conduziu de forma desumana até a delegacia.
Para essas pessoas o policial agiu corretamente e quaisquer comentário que seja feita contra a má ação do militar é escrachado e linchado por muitas outras pessoas, que por sua vez apoia essa atitude. Nenhuma dessas pessoas veem que somos todos reféns, do Estado e do tráfico, não veem que o aumento da desigualdade social contribui para o aumento da violência, não veem a fome voltando no nosso país, porque elas acham que, todos pensam igual e tem a mesma “sorte”, não veem o desemprego batendo na porta de milhares de pessoas, porque muitas dessas pessoas ainda trabalha com carteira assinada. Imaginar uma pessoa desempregada levando droga para os traficantes para ganhar 150 reais e não ter em mente que ela também é uma das vítimas, do Estado e do próprio tráfico de droga, assim como todos nós somos reféns de ambos (óbvio). Vivemos num sistema que primeiro marginaliza para depois mandar prender, muitos não perguntam, quem de fato sustenta o tráfico, o próprio Estado sustenta o tráfico, o rapaz que foi conduzido de forma desumana é apenas um peixe pequeno. Logo vai aparecer algumas pessoas dizendo “já fiquei desempregado e nunca ‘trafiquei'”, “já passei fome e nunca sai por aí vendendo droga”… Essas pessoas esquecem, que nem todos tem a mesma mentalidade, nem todos tem o mesmo psicológico e a capacidade de controlar o próprio impulso. Se a gente de fato quer mudanças sociais, lutemos para que os senhores governantes invistam nos projetos sociais, invistam na educação pública, invistam em cursos profissionalizantes, invistam na geração de emprego, principalmente nos bairros periféricos. Aqui na Bahia, acabaram o Projeto Patrulhando a Cidadania, que funcionou no Batalhão da Polícia Rodoviária, projeto esse de suma importância para que a comunidade local não vissem a polícia de forma negativa, projeto esse que já matou a fome de vários moradores, no bairro que eu moro, com reforço escolar e que fazia uma grande diferença na comunidade, o novo coronel (sem mencionar nomes); acabou com o projeto, alegando que o batalhão não é lugar para crianças e adolescentes. Há também milhares de ONGs, necessitando de apoio financeiro e não recebe apoio dos governantes de dos prefeitos, muitos destes somente aparecem nas eleições na busca de voto, a tendência de muitas dessas ONGs é acabar fechando. Não quero apenas falar da má ação do militar ou do rapaz que foi preso de forma desumana, pois bem, também há militares que faz belíssimas ações sociais e cumpre com o seu trabalho de forma exemplar. Eu não sou contra a polícia militar em si, eu sou contra o abuso de poder e o autoritarismo de parte dos militares que acabam manchando a própria farda e deixando a polícia mal vista.
