E como sempre, deixo o meu comentário antes:
Como sou ousado, nem peço, compartilho, porque livros foram feitos para serem compartilhados, lidos, debatidos, independente ou não de posição política…
Xico Sá publicou:
Com vocês, a breve crônica de Chico Buarque no “Lula Livro Lula Livre”, coletânea organizada pelos bravos Ademir Assunção & Marcelino Freire. Honra tb fazer parte da edição vermelha com uma croniqueta político-ludopédica.
Ao texto do xará genial, q vale muito mais a pena:
– Eu nunca tive nada contra o Lula. Eu inclusive estive com ele naquela casa lá de pobre em São Bernardo. Depois eu e a Ruth convidamos o Lula para passar um fim de semana em Ubatuba com a Marisa. Aí ele reclamou que não tinha água quente no chuveiro da casa. Imagina! O Lula!
Era o Fernando Henrique, sempre simpático, em reunião com artistas às vésperas das eleições de 1994. Naquele tempo ainda se podia achar graça numa anedota assim. Era um deboche, era um comentário preconceituoso, mas não havia um pingo de ódio naquelas palavras. Lula ainda não era o chefe de organização criminosa, o ladrão, o comunista, o cachaceiro, o nine, o boneco vestido de presidiário enforcado ao lado de Dilma num viaduto de São Paulo. Ainda não tinha sido condenado sem provas, por imprensa, televisão, procuradores esquisitões e juízes deslumbrados, com proprietário deum tríplex, ou tríplex, no Guarujá.
O ódio ao Lula é o ódio aos pobres. Tivesse ele imóveis na praia e dinheiro no exterior, talvez fosse mais bem tratado pelas autoridades que o trancaram e o mantêm isolado numa cela da Polícia Federal. Lá de dentro ele mandou dizer que já não confia na Justiça. Nem eu. Só espero que ele tenha água quente em Curitiba.
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